sábado, 19 de novembro de 2016

Da-m bó

Da-m bu amor
Nem ki na padja midjo
Dêxa-m mata sede
Nem ki na bu carman d'agu
Dêxa-m ...
Ka bu dêxa-m bai
Pa'm fica li
Dêxa de nocenteza
Bu desprinda bu nobreza

Teodoro Correia

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Bo é

bo é ...

bo é padja ki pega lumi
subi ladêra ti tchiga céu
céu e mundo ki bo é

bo é cana ki djunta furminga
furminga ki spadja nobidadi
nobidadi ki bó é

bo é palabra ki cai di céu
di boca ki da spiga
spiga ki da lêti
lêti ki pari na boca

bo é intero ki sapa na metadi
metadi ki djunta mentadi
metadi ki fasi intero

bo é conberu sem sentido
cobersu dentu conbersu
palavra ki da conbersu
conbersu conbersado

bo é rôpa na peli corpo
ki ta destaca, ta duspi,
ta besbi, ta taca
deparbesa ki fica depadento

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Ainda hoje

Ainda amanha será hoje
Hoje será um ápice
Um gosto para amanha

Ainda o desejo será a boca
A boca será um prazer
O prazer florirá na pele

Ainda o fogareiro acenderá lume
O barro e  a lenha serão uma só matéria
O corpo entrará em ebulição
O beijo evaporar-se-á

Ainda o verão surgirá no meio deste inverno
A primavera será um instante
As pétalas desabrochar-se-ão ao encontro da lingua
A estigma ceder-se-á ao toque do raio de sol

Ainda ouvir-se-á o cantar de galo pela madrugada
O tchim-tchim harmónico de pilão
O pazer irá a fonte buscar água

Ainda hoje

Teodoro da Silva Correia



domingo, 27 de dezembro de 2015

[Versos no comboio] Entropia poetica

A poesia é a terra que desbravas, ficando tufa, para cultivares o milho; o feijão e a pedra,  a sapatinha e a alma, o bongolon e o teu coração.

Sabes quando sais ao fim da tarde para ir ao lugar?

A poesia é o terreno  que preparas, arrumando as pedras,  construindo muralhas.
Estendes palhas secas para fertilizar.
Mas esse terreno não tem marcas, não tem fronteiras ...

Teodoro da Silva Correia

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

[Versos no comboio] Intersepção

Desculpa por estar a interromper-te. Imagina que estava a apenas a pedir-te para darmos uma volta, por um instante. Não é verdade que ouvi falar da qualidade multitarefas? Vamos, a procura de prazer. Melhor do que uma vida paralela é uma vida interseptada. Enquanto um para , o outro cruza. Nunca sabemos aquele instante que subitamente queremos sair. Podes estar a ler livro, a fazer a cama, a lavar a loiça, a ver à janela. Ou simplesmente a imaginar. Desculpa-me por um instante.

Teodoro da Silva Correia

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

No domingo

O domingo devia ser um dia realmente santo.
até o mar devia ser um santo, e evitar exaltação.
Vejo um Castelo Desejo de quem subiu o penedo e imaginou,
despreocupado com a ameaça da tarde que há de chover,
um terminal  à espera de cruzeiros que há de chegar,
na semana que há de vir ...

Teodoro Correia

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Um só lugar

nascemos no mesmo dia. Experimentamos, sentimos ao mesmo tempo.
não digas que estás no Norte e eu no Sul. Que estás no canal e eu na margem.
partilhamos no mesmo lugar. O espaço é continuo, o sentimento é uma onda.
estamos no mesmo ponto. Os olhos é que estão distantes.
o tempo é uma esquina. Vira-se num fechar de olhos.
o tempo é um segundo. O relógio é que está parado.
se o espaço não é um canto, então estamos atirados para o mesmo canto.

teodoro correia

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

À beira de estrada

Espero. Espero à porta
Espero entre as paredes da janela. Quando a noite cair.

Espero. Espero a noite toda pela madrugada.
Espero pelo cantar do dia. Que me espera.

Espero. Espero dentro de mim.
Espero por quem nunca partiu. Do pensamento.

Espero. Espero sem dormir.
Espero pelo bater da porta. Sempre aberta.

Espero. Espero vendo ao longe.
Espero que voltes da viagem. E do que trazes.

Espero. Espero à beira de estrada.
Espero que não demore. Que me leve.

Espero. Espero sentado no mocho.
Espero ainda que apareçam aos tostões. O dinheiro é tempo.

Espero. Espero à boca da fonte.
Espero pela água. Limpida.

Espero. Espero à sombra.
Espero que o sol ardente se arrefeça. Para continuar.

Espero. Espero numa lapa.
Espero que a chuva passe. Depois de molhar o chão.

Teodoro da Silva Correia

sábado, 21 de novembro de 2015

Uma homenagem (longe longo)

É demais
É demais para mim
Largos tempos passaram
Nem um pedaço de papel chega

É demais
É demais para uma só pessoa
A nossa casa chove
A minha alma enxagua-se

Dói-me muito
Dói-me o peito
E espalha-se pelo corpo
Não sinto o pulsar
Eu não te sinto

Vem e leva tudo
Contigo
Leva o coração e deixa o meu corpo
Sozinho

Já não consigo sonhar
Neste pau-de-cama ver
a noite clara
Já não consigo ir
à porta de casa receber
a lua que chega

O tecto já não me protege
contra nada, nem solidão
As paredes já não me isolam
de nada, nem de ti

Perdi a fé em visitar-te além Corinto
Perdi o teu corpo, perdi o meu copo
Apenas sinto prendido por uma argola de metal

Ontem à noite, antes de ir para cama
Vi a nossa foto preto e branco ganhando pó
Estás tu perto de mim
Nós entre uma silenciosa moldura
Que agora nos envolve

Hoje de manha, à mesa
Olhei para a minha frente
A tua cadeira estava vazia
O meu café não tinha o gosto
Da aroma que tu usavas

Ao abrir o guarda-roupa encontrei
O casaco que gostavas de usar
O meu coração estava pendurado
Tirei o lenço e fechei a porta

Tristeza tomou conta de mim
Entá-me no corpo, está-me na veia
Está no chá de manha, na refeição que tomo

Tenho estado a cuidar  apenas eu
O que semeamos e deveriamos colher
Juntos no pôr-de-sol de Janeiro

Tudo que tinha ao sol está secar
A perder-se  por uma chuva inesperada
Tudo que tinha como reserva está no fundo
Tudo que ainda tenho é semente de esperança
Levo isto tudo,  até morrer

[Musica de fundo]

Rafelga

di nós é um rafelga
di bentu ki ka fazi
sementi ki ka beija tchon
tchon ki ka naci sementi

di nós  é tempu ki arma
tempu ki ka deixa um pingo
agosto ki deixa pa setembro
setembro ki deixa pa outubro
outubro ki nunca mais

di nós é refelga ki passa'm na petu
di nós n'xinti-l  ku um suspiro
di nós n'xinti-l ku ponta nariz
di nos n'xinti-l  na suor di mô

di nós n'xinti na tudo pla'manhan
na tarde ki noti mais cedo
na um sperança ki seca na noti

Teodoro da Silva Correia
[Musica de fundo]

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Despir a palavra

Ao virar a página
apanhei o fio separador
gramaticamente falando
despi
a palavra
e pu-la na ponta da língua
fazia
os gestos
a semântica ia-se completando
em complemento directo

Teodoro

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Let it be

Porque separados não somos dois
e um se dois estão pegados
vamos por a língua na tua boca
que vais sentir o sal
Eu sou o sangue e tu estás morta
vamos lá correr na tua veia

Teodoro
[Musicas de fundo: Heavenfaced/ Here comes the sun ]


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Flor de Lantuna

Encontrei uma flor de lantuna
no meio de ramos e espinhos
Se a tocar firo-me o dedo
Se a deixar firo-me do pé ao peito

São estes espinhos intensionalmente para te proteger?
Sabes que pessoas gostam essencialmemte de flores?

Se conseguisse as tuas pétalas tocar
obsorvia as gotas de orvalho deixadas
pelo toque do nevoeiro da manha

Teodoro da Silva Correia


sábado, 26 de setembro de 2015

Impressão

levanto a cara
vejo-a entrar pela porta dentro
o seu cabelo a ser fustigado pelo vento
o copo de café não se resiste
cai e derrama-se sobre a mesa
Inclino-me e inspiro todo o sabor
forte, atraente, quente!

Teodoro Correia

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Quem cuida

põe as flores que encontraste num vazo
troca a água de três em três dias
leva-as à janela ao fim do dia
para ver o por sol e beijar a luz
sentir-me-ei fresco e vital
só por ve-las a crescer e desembuchar-se
só por ver-te a cuidar delas  e talvez de mim

Teodoro Correia
[música de fundo]



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Poesia-massa-energia

a poesia é o único corpo que dá energia, e a vida
quando todas as outras estão paradas, e mortas
parte acenando a massa, o metro
as folhas viram-se de página ...

Teodoro da Silva Correia

«Bazio»

aptece-me enfiar-me  num vazio
ou ser coberto por um manto de neve, fria
Se estivesse na praia de onde parti
diria um manto de areia, quente

Teodoro Correia

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Imaginação

Deixa partir o Metro
a pé a imaginação leva-me mais longe
pelas linhas,  pelas curvas ...

Teodoro 

sábado, 19 de setembro de 2015

Raízes e rosas

quatro de manha
as raízes alargam-se
à procura de profundidade
o corpo transpira-se
mostrando vitalidade
numa fotossíntese sem luz
e os lábios florescem-se
um botão de rosa
sobre o lençol branco

Teodoro Correia


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Behind

Posso até pintar uma parede
Mas é mais do que isso
Posso até dobrar um patinho de papel
Mas é mais do que isso
Podem sair apenas algumas palavras
Mas é mais do que isso
Posso conseguir apenas acenar com as mãos
Mas é mais do que isso

Teodoro Correia
[Musica de Fundo]

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Fim, ponto.

Podes ver que, escritos
mesmo os grandes romances
terminam num ponto final.
toda a tua vida acaba
metido numa caixa
toda a tua identidade cabe-se
apenas num cartão
toda a tua emoção perde-se
no último prazer
Tens a força, podes vencer
a gravidade, e mover-te
Tal um avião de papel!
Num certo ponto, perdes-te
A gravidade de volta  traz-te
nos seus braços até a terra

Teodoro da Silva Correia
[Musica de fundo]

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Keeping skeleton in

o meu pressentimento é que tudo
vem do nada
o meu sentimento é o tudo
que transformou-se em nada

é pó que tinha sido alguma coisa
e que qualquer vento o faz levantar
e  os olhos quase que se fazem cair

é o chão que tu pisas,
e toda a gente
é o nada senão para te suster,
e todo o pó

nada é antes de se perder
é tudo, depois de se transformar
é a roupa que vestes e adoras
é a noite em que sentes-te adorável
e acaba ...

Teodoro da Silva Correia 
[Musica de fundo]

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Os passos ... e uma imagem que se revela

Tão recta que não se curva
Tão rectilínea, que vai ao infinito
Tão compassada, que torna-se não-uniforme
Tão no ponto, como na reticência
Tão enchente e não transborda
Tão brilhante que se apaga
Tão quente que se congela

Teodoro da Silva Correia


sábado, 27 de junho de 2015

Xintido sustedo

N'gadanha cada dia ki manxi
Pa n'ka kai na desgosto
Di ka sta pegadu na bu corpu
N'karapati na sonho
Pa n'ka kai na ka'sábi
Di ka sta prendedu na bu petu
N'rakatxa kontra tempo
Ki ka sta deixa'm anda pa freti
Ta djobi si bu ka sta nha tráz

N'susti noti, n'susti dia
N'susti hora, n'susti bu foto
N'susti desejo, n'susti xintido

Teodoro da Silva Correia

sábado, 13 de junho de 2015

Mô doxi

Dá-me mais do que um pingo de água,
da boca do pote que ali está.
Se a tua mão é doce, ternura será.

Não me deixes ficar, plantado à porta,
Manda-me entrar para baixo da tua sombra
Se o brilho dos teus olhos faz-me transpirar
A sombra do teu olhar dar-me-á descanso

 Enquanto escrevia isto ocorreu-me  "da-m bu mô", minuto 4:30  (musica de Tcheka Adrade)
Teodoro da Silva Correia

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Atrás (do tempo)

                                                                                                                                         para uma moça qualquer
O tempo, virado para frente, está sempre a andar. Não corre atrás de ninguém.
A ponta do ponteiro do relógio - às voltas, endoidecida - corre infinitamente atrás do tempo.
E eu, vejo-te um dia, de pé, olhos no pulso, a ver perdidamente para os ponteiros do relógio.

Teodoro Correia

sábado, 23 de maio de 2015

(In)diferença

A indiferença não soma
Muito menos subtrai
Não chega a encher o papel
Pois que não tem termos
Não chega a ter solução
Pois que não formula equação

Não entra :
No cálculo do percurso correcto
Na equação da tempo certo
Na força de um beijo
Na intensidade do desejo
Não ocupa  (minha) imaginação

Formulação :
O problema da indiferença
É a indiferença ao problema.

Teodoro Correia

Uma vida inteira

Tu que fizeste da tua enxada
um pau-mandado
um burro de corda esticada
à enxada emprestaste
a servidão
aos mandos da aridez
ora da terra, ora da vida
e ao pau ofereceste
a alma da persistência
de estar de pé,
ainda que inclinado
tal como a tua vida
muito embora firme
batido pelo vento
e sufocado pelo sol
quente do meio dia

Tantos dias houve
nenhum sobrou
em que à luta não foste
entre as pedras caminhaste
o lume-sol sentiste
entre a escassez da chuva
que  molhado  deixavam,
e o conforto  traziam

Se as enxadas não fossem de ferro
e o pau, um mandado
guardavam a tua alma
que tantas vezes os emprestaste

Teodoro da Silva Correia

domingo, 19 de abril de 2015

Luz d'alma

Ainda lembro-me tu sentada
A tua alma a aquecer-se,
A beira de um fogão de três pedras.
Assim como os teus três sonhos
Que três vezes deste a luz.

Teodoro Correia

A rima que tu és

A tua cara gemendo, sou eu
O teu corpo sofrendo, sou eu
A tua pele derretendo-se, sou eu
O teu folego em vapor, sou eu
A rima tu és, o poema sou eu

Teodoro Correia

sábado, 17 de janeiro de 2015

Jardim das Hespérides

Durante tempos estive a pensar escrever uma poesia sobre ti. Pensei, logo existe. Tu já és poesia. Pensei logo: como deus manifesta-se em trindade, tu deves ser uma menina e uma poesia. Pensei logo que tu existes. Uma deusa, deusa das deusas. Uma poesia, poesia das poesias. Se Hera existiu, e logo existiu Zeus. Da mesma forma, quero perder-me na tua vaidade, no Jardim das Hespérides

Teodoro da Silva Correia

Um pássaro e duas aves

Entre um pássaro na mão e dois voar, prefiro duas mãos no pássaro. A voar - distante - o pássaro é uma ave. Indistinta. A cruzar o céu em todas as direcções, entre dois, três ou cem pássaros. Dizia, aves. Entre um pássaro na mão e dois numa outra mão - que não seja minha- , o pássaro é passado. Ali, se não for para uma grelha, vai para o grelhador.

Teodoro da Silva Correia

domingo, 4 de agosto de 2013

Terra batida

Os teus pés levam o caminho
A terra tantas vezes batida
Tanto como a tua vida sofrida
Feita na terra. Batida

A terra, outras vezes de barro
Rasga-se em riscas incertas
Mostrando quão injusta pode ser
Que semear não significa colher.

Entre as riscas da terra
Nasce uma soca verde
Que nem um balaio consegue encher
Que semear não significa colher

Os teus pés levam o caminho
Nestas terras secas de barro
(quente, maçada, batida )


Teodoro da Silva Correia


Lenha

N ta kre fla ki bo é lenha
ki ta da-m di kumi
Di noti i palmanham
I lumi ki ta kenta-m

N ta kre fla ki bo é lenha
Ki ta kenta agua fria
Paradu na fundu
Ki ta refoga um kuasi nada
Ki sobra di dia d'onti

Bo é  lenha di ramu di pé di planta
Ki resisti  seca i trazidu pa ventu
Pa bem ser lenha di nha fogon

 Teodoro da Silva Correia

sábado, 16 de março de 2013

O tempo (e uma chávena de chá)


O tempo é o instante que não para.
 Enche o copo. Esvazia-se. 
Transfere o calor. Arrefece-se.
Floresce-se. E gera  uma fruta.
Muda de estado. Evapora-se.
Pois, é o instante que não para. 
Anuncia chuva que está a chegar; 
que o campo  vai ser um verde espaço. 
Anuncia o dia e o fim o seu fim, 
a Primavera e a chegada do Verão,  
o Carnaval e o fim do ano.

O tempo parece que não tem sono. 
Acorda todos os dias à minha janela. 
Vai comigo à rua, à praia e aos afazeres, 
mesmo quando julgo que não há tempo.

No átrio, o tempo dá-me as boas-vindas. 
Manda-me sentar.
- Obrigado! Espero dizer-te adeus-
O tempo é o espaço onde vivemos.
E na vizinhança de cada tempo há um outro tempo.

Teodoro da Silva Correia

sexta-feira, 8 de março de 2013

Medu

N'tem medu bus odjus
Distanti ki ta toka alma
Ta obi kusa papiadu ku silensiu
Ta soletra letra na papel branku
ki ta kala pa podi odja
Ta fitxa pa podi xinti
Ta mexi ketu pa ka xintidu
Dessimulado, ta fugi baxu pistanas

N'tem medu bus odjus
Ki ta oia-m na undi ki 'n sta
Ki ta kumi, mas ka sasseia fomi
Ta obi palavra ki inda 'n ka fla
Ta fla-m palavras ki inda 'n ka obiba

N'tem medu bus odjus
E di nha odjus na bu odjus
Na hora di un adeus
Na sono, debaxu lensol
Kordadu ta kumi luz di sol
Di longi ta toka mundu
Sakedu ta da raboita mundu
Paradu ta intxi mundu

N'tem medu bus odjus
Mas ka é  medu di medu

Teodoro da Silva Correia

sábado, 23 de fevereiro de 2013

701



Querida, esta cidade...
está cheia de boas vistas, de jardins
do Morro, do Palácio, do Passeio Alegre,... enfim.
Esta cidade está cercada de praias, sem fim.
dos Lavadores, da Memória, da Leça,...e as do Varzim .
O 500 pode passear-te pela Ribeira e Foz.
Mas não vai levar-te à casa, donde sóis.

Querida, para a minha casa chegar
precisas escolher outra linha, a do 701
Tenho dois bilhetes, o meu e mais um!
Ou vais querer vir a caminhar?
E que eu vá ao teu encontro,
para nos encontrarmos algures  num ponto?

Querida, a minha casa...
não fica numa avenida, está fora das vistas.
não está nos Aliados, nem Boavista.
não tem cartazes e grandes letreiros.
é um fruto saudável do seu obreiro.
Morro numa travessa.
Travessa, não te esqueças!

Teodoro da Silva Correia

O Escuro

Vejo-me no escuro. Não te vejo.
Toco o escuro. Não o sinto.
Saio, passeio e… volto no escuro.
Escrevo, rasgo e… reescrevo no escuro.

Vejo o escuro
à frente, à trás e no ponto final;
na voz, na música, e na luz apagada;
na parede, no tecto e no manto de escuro.

Viajei e contemplei,
toquei e senti o escuro.
Abracei e beijei,
Sonhei e amei no escuro .

Despertei-me num escuro ausente.


Teodoro da Silva Correia

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Rosa dos ventos

Para o bem ou para o mal
O universo é um infinito
O mar é uma imensidão 
O céu é uma envolvente 
E o meu peito é um recanto 
Profundo, que enche e transborda

Pa sabi ó pa ka sabi
Ora ki txuba  txobi
Ki agu desprinda
Kel ki ka pára na terra
Ta corri pa mar
Kel ki da frutu na ladera
Ta ser fartura na rubera
Si ka obidu rabulisu na kutelo
Ta dadu djatu na kobom

Para sim ou para não
As palavras que escrevi
Não são romance nem lírica
São umas palavras soltas
Umas frases sem pontuação
E que tu podes sinalizar

Pa dretu ó pa mariadu
Txon deskansadu ta da comida
Balai ki ka tenedu na káta podi tenti
Simenti nobu ta nasi correnti
Nem s'é na txuba di bolta d'anu
Si, intudjadu, brufa ka straga-l
i bitxu runhu ka kume-l

À direita ou  à esquerda
Haverá sempre uma direcção
Se observar bem a rosa-dos-ventos
Uma será o Este e outra Oeste
Para ver o nascer ou o pôr do sol

Teodoro da Silva Correira

Crédito:Google