domingo, 30 de dezembro de 2012

Desculpa-m

Tinha um tempo que foge
E um caminho longe
O meu tempo foi mais demorado do que o teu
E o teu caminho mais curto do que o meu

Poderia ter feito o meu saquinho
Mas não sei se haveria o livre caminho
Que me levasse ao teu regaço e meu berço
Percorro agora este caminho inverso

Poderia ter dito um «alô»
Talvez  não ouviria «estou»
Não poderia dizer «eu vou»
Deste caminho longe onde estou

Poderia ter orado, talvez perdi a fé
Tanta coisa mudou, neste caminho a pé
Mudaram-se o teu chá e café

A minha esperança voou alto
Mas tu voaste ainda mais alto
Levantei os braços meus
Mas não pude dizer adeus




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Versos Soltos (5)


Hoje à noite
Lá estarei
Para repetir a noite
Que outra vez passei

Hoje à  noite
Passarei pela tua rua
Para repetir a noite
Em que a lua posou nua

 Teodoro Correia

Vejo-te da minha janela


Acordo-me e abro janela. Para a luz entrar, e separar a noite de ontem da outra que vem. E lá no horizonte,  aponta a sentinela.

A noite não acabou, talvez hibernou-se! Talvez escondeu-se da sentinela, por detrás daquela janela. O dia não existe, em cada canto a noite persiste.

Vem outra vez a noite, vou para janela  fugir. A janela fica tão alto. Tudo parece mudo. E cá do alto vejo o mundo. Povoado pela tua imagem. E pelos pensamentos em viagem! A janela parece alto, ainda mais alto.

Fecho a janela para me escapar, de ti e da noite que estava a chegar.  Caio nos teus braços por inteiro, e  na sombra da noite, essa espécie de sobreiro.

                                                                                  Teodoro da Silva Correia                                                                                                                                







segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Xintidu


É ka pamodi nada!
Si dentu d’alguem ki é alguem
Dentu d’alguem tem mais um alguem
Pé descalsu, passo lebi
Pensamentu longi mas ka ta skrebi
Rostu labantadu, ka ta oia ceu
Corpu ‘n dadu, mas xintidu ka di meu!

É ka pamodi nada!
Xintidu dja xinta-m na petu
Sakedu ka sta da-m jetu
(N’ panhadu)
Di duedju ta comunga
Caladu ta rasmunga
De noti ta companha-m
De pal’manhan ta korda-m
Pé na caminhu ta leba-m

É ka pamodi nada!
Si n´conbersa n ta papia
Caladu ta desafia
Na versu ta bira conbersu
Na petu tem si pressu
Kel ki era di meu dja ka é di meu
E manhan  propi  k’é ka di meu

É ka pamodi nada!
Simenti ka ta guardadu
Outubro ka tempo simentera
Boca-pal’manhan é antes sol
Poesia ka mesti titulo
Versu ka mesti rima

É ka pamodi nada!

Teodoro da Silva Correia




sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Djuana



Comments: Trata-se de uma música  fantástica a várias dimensões. Uma bela dedicação. Uma linda poesia. Julgo que a Joana ou Djuana, como costuma-se dizer, deve ter merecido.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Sublinhar (13)

“O que mais me preocupa é a instrumentalização da amizade. O Facebook torna-a eficaz, tal como se tivesse saído de uma linha de montagem. É exatamente o que a amizade não deveria ser, se pretendemos que continue a ser humana e que os amigos continuem a ser valorizados como pessoas. A amizade é suja. É difícil. Tem cheiro. Às vezes, até mau hálito. É imprevisível e, por vezes, perigosa.”

       In Jornal Expresso

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Versos Soltos(4)

Fecho os olhos, sinto-te com a ponta da língua
Abro-os, vejo-te a escorregar-te sob a ponta do meu dedo
Como eu, oiço-te a chorar míngua
Sinto algum medo
Enquanto percorro o labirinto do teu corpo
Era o medo que o desejo não morresse de sufoco 

Teodoro da Silva Correia

sábado, 6 de outubro de 2012

Versos Soltos(3)

É menina ki Santu seja
Bu boka é San'gaitanu
Ti subi riba munti
Bu odjus é modi San'Jorge
Pa tempu di azágua
É nha menina ka bu njuria-m.

Ami dja-m kre-bu menina
Ti ki tchon ta ratcha
Djan kre odja-bu di véu
Na nha ladu li na altar


Tcheka Andrade- In “Nu Monda”